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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

21/01/2017

Dedicada inspiração













Há alguns suspiros caídos nas alamedas de mim.
São vigiados por uma dedicada inspiração
que aguarda o tempo certo para colhê-los.
Ela não sente fome,
nem demostra de nada necessitar.
Paciente e serena saboreia
o som que o ponteiro lhe dá.
Entre flores de gemidos,
Folhas secas de ais perdidos
Esse sopro se faz purificar.
E na era da colheita
Certa de concluir sua faceta
A nobre inspiração deixa seu suspiro exalar.


Enide Santos 13.01.17

19/01/2017

Quando eu quis viver









Quando eu vinha viver
Já era tarde de mais
Já os meus passos estavam enraizados
Na profundidade do lugar onde não andei.

Quando eu resolvi vir para a vida
Ela já não mais fazia questão
Já estava estacionada
Num tempo em que não lhe pertencia.

Quando quis viver
Meus confrontos todos se riam de mim
Perdidos pela sádica névoa que os alimentam
Devorando-se uns aos outros num ritmo
Onde o expiro constante não move a vida.

Quando eu vim ter com a vida
A existência já havia perdido suas auroras
E a insaciável fome do tempo
Devorou-me antes que eu pudesse viver.

Enide Santos 12.01.17


11/01/2017

Coração de pedra





















Foi neste trapo de chão
Que plantei minha quimera
Agora é só recordação
E dele nada mais se espera

Foram tempos de dedicação
De sol a sol como pudera
Calos perfeitos em cada mão
E a esperança, urrava como fera.

Terreno que dantes fora fértil
Hoje não há o que carpir
Um solo vencido e inútil

Desfeito por magoas do existir
Coração rancoroso e fútil
Pobre terra só noite dela pode sair.

Enide Santos 11.01.17

02/01/2017

O que sabe o amor de mim?














O que sabe o amor de mim?
O que eu não sei que pode ele saber
para tentar me controlar?
Sempre com seu apetite voraz,
devorando-me a cada instante mais.
Aleija minha respiração
tornando-a uma bastarda
e insaciável emoção.

O que sabe o amor de mim?
Para dizer que choro errado,
que o profundo ainda é raso!
Que este ardor é só uma brasa
do que ainda esta por vir.
O que sabe para denegrir meu enredo
Contestar um a um meus ensejos
Deixando-me perdida de mim?

O que sabe esta atração?
O que entende esta afeição,
Para fazer meu tempo parar,
Para de tudo que faço duvidar?
E apenas o silêncio do mundo desejar.


Enide Santos 02-01-17

Agora...





















Agora...
aconteceu um beijo
é só o que me lembro
não sei o que houve antes
e neste agora, agora
não me recordo de nada
apenas de possuir sua boca
de sentir meu corpo todo implorar 
que se sinta para sempre  assim
sem compreensão de nada
apenas permanecer inerte
eternamente neste agora.


Enide 29.12.16